24.6.20

Espera

A espera desestrutura o intelecto,
Faz a ideação desaguar sem cor.
É longânima pelas suas proporções.
Mas, a espera não permite isenção.
A espera já desponta antes do existir.
Esperar- flexiona-se em tempos modais.
Portanto, a espera está em mim e em ti.
Espera-se o sol e seus radiantes raios,
Para nos muretes do coração,
Grafitarem as benevolência dela.
Espera-se uma carta alvissareira,
Espera-se uma visita especial,
Espera-se um telefonema auspicioso,
Espera-se que sonhos ecoem ditosos,
E se renovem, fazendo se reais.
Espera-se olhares desencontrados.
Espera-se acarinhadores abraços,
Espera-se noites enluaradas
Para aparar as arestas da apatia,
Pois, a espera tem causas,
Mas, sua ilação pertence ao tempo.
Iracema Crateús












21.6.20

Pandêmico período


A vida humana impõe nova vivência,
Dela advém impensáveis regras,
E inusitados moldes hão de se seguir.
Pois, ao abrir o novo dia, uma moléstia
Deu início com lágrimas, a sua chegada,
E, impôs dores e sentimentos mordazes.
Vidas humanas, perdidas subitamente.

Travessias dolorosas são impostas.
Vidas trancadas solitariamente,
Vestem-se de máscaras e robotizam-se
Para, dos barrancos, se desviarem.
Pois, imposições pandêmicas ebulem,
E pessoas orantes em aflitas súplicas,
Penitenciam-se de rogos aos céus.

Aos curadores, aplausos são dados,
Pois, suas batalhas salvam vidas.
Mas, "quando tudo isso passar",
Agradecer-se-á pela prática a gratidão.
A humanidade é incolor,
Com único gênero: Vidas.
Iracema Crateús

19.6.20

Vidas plenas


Vidas plenas não são vidas planas, 
Vidas plenas, viveres absolutos, 
Vidas planas, vidas serenadas. 
Podendo ainda haver um colóquio. 
Interagem-se através de ambições, 
Pois, os seus horizontes se agigantam
Para dar plenitude a vida. 

Vidas plenas se constroem felizes, 
Esmeram-se através de gentilezas, 
Lapidam-se pelo olhar cativante, 
Materializam-se nos abraços dados, 
Arborizam-se nos sorrisos ofertados. 
Vidas plenas se ressignificam. 

Vidas planas, vidas necessárias, 
Mas, poucos praticam o desapego. 
A plenitude da vida está em vivê-la, 
E não na sua pujança alvissareira, 
Precisa-se senti-la como uníssono. 
Precisa-se vivê-la em êxtase divinal. 
Precisa-se simplesmente ser plena. 
                        Iracema Crateús 

































17.6.20

Cantiga amiga (Paródia)
                  
Eu preparo uma cantiga,
Que fale aos corações,
Que se reconheça como iguais,
E ainda se amem pelos olhos.

Vagueio por trilhas urbanas,
Calcando o passado,
Sem interpelar o presente,
Mas vislumbrando o futuro.

Não distribuo segredos,
Tão pouco sei desvendá-los,
Nem para os duendes,
Quiçá para os Magos.

Sou caminheira de sonhos,
Escancaro saudações,
Se não me veem,  eu os vejo,
E saúdo  amizades de outrora.

Eu faço uma cantiga
Que acalente as angústias atuais,
E ideais e as ideais rejuvenesçam.                   Irá Crateús 
























14.6.20

      Neblinas de Guaraciaba              
Flores exalam perfumes, 
Advindos das florações atemporais, Pois, na Grande Serra, nascem 
E seus aromas ascendem paixões, 
Incentivando os corações, 
A absorverem aromas daqui. 

Só o afago adentra os corações, 

E enche de paixão os mansos olhos, 
Verdes de esperança que acalentam
Os tórridos pensamentos humanos. 

A vida tem sua aridez matizada, 
De aromas descidos da serra, 
Para no asfalto se deliciarem
Com neblinas do entardecer, 
E com o luar se enamorarem, 
Nesse renovo dias
De manhãs serenadas, 
Vistas pelos olhares florais, 
Das grandes serras existenciais,
Que nos corações se encerram. 
                     Iracema Crateús 

12.6.20

       Sentimentos 

Sentimentos se alojam
Em tempos de ilhamentos, 
Sejam umbráticos ou não. 
Eles dialogam com  seus iguais, 
Pois, os percursos são indefiníveis. 
E os olhares buscam os sentires 
Pré-fabricando utopicamente, 
Os mais inóspitos sentimentos. 
E o tempo, senhor deles, os regem
Com a batuta de maestro, 
Lapidando as notas musicais,
Que transmutarão os sentimentos
Em um novo tempo que há de vir. 
           Iracema Crateús 




9.6.20

Cotidiano

Ainda, não se sabe o dia dele, 
E nem se todos os dias o são. 
Aqui, está o tal cotidiano. 
Sabe que ele está vindo e indo, 
Vindo e  indo, trazendo misturas, 
Não tão pura de variados sentires:
Sentir o cheiro, mas não tê - lo, 
Sentir a lágrima e não vê - la, 
Sentir a presença do vazio e tê - lo, 
Sentir a saudade de tudo e do nada, 
Sentir esse cotidiano e não vivê-lo, 
Pois, o dia do cotidiano é cheio, 
É abarrotado dos sentires. 
E se o cotidiano pudesse cantar, 
Cantaria! Não cantaria!
Dançaria com o som da harpa, 
Ouvindo e sentindo o cotidiano. 
                   Iracema Crateús