7.5.10
9.3.10
A mulher
Sabe ser feminina sem sina de ser eterna mina,
Sabe ser menina mesmo em idade crescente,
Sabe ser grande em sonhos estridentes,
Sabe ser fervorosa em atitudes latentes,
Sabe acalentar as lamurias dos ascendentes,
Saber sorrir meios aos temíveis transigentes
E desmitidos descendentes dos diversos parentes.
Ser mulher é estar sempre a frente,
É viver fora do presente,
É agarrar as vertentes do ar primaveril,
É ser magistrada e devotada no mesmo instante,
É ter o futuro dominado pelo momento presente.
É procriar sonhos e fazê-los reluzentes.
Ser mulher é tentar cada vez mais revitalizar
Seus dias, sua vida, seu mundo e seus sonhos.
7.3.10
5.12.09
Escrever
Escrever é fabricar expressões,
É materializar significados,
É serenizar os versos e os seus sentidos,
É fazer dos compêndios nossos mestres.
Logo escrever é maternizar os textos, e chamá-los de filhos.
Escrever é não tão somente grafitar letras,
É, com certeza, semear alfabeto,
É, antes de tudo laurear palavras.
Portanto, escrever corporifica a poesia.
Escrever magistra o simples e noblita o arcaico,
Escrever celebra arte que é a palavra ,
Escrever assanha os artesões da poesia,
Convenientemente, escrever incensa os sonhos.
Escrever é fazer de um risco uma linha reta,
É lubrificar com almíscar verbete por verbete,
É ladrilhar o texto com metáforas alegóricas,
Sem dúvida, escrever é habitar no castelo das prosopopéias.
E se deslumbrar com sinestésicas palavras.
Acima de tudo, escrever é comungar a objetividade e subjetividade.
É somar a denotação e a conotação,
Porque escrever é matizar as figuras da linguagem,
E expressar verdadeiramente as inverdades,
E ouvir as gargalhadas dos estribilhos,
E festejar a construção destes versos.
Iracema Crateús
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